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A GORDOFOBIA PARA O OBESO


Piadas são comuns, é plenamente plausível que possamos tirar sarro da cara dos gordinhos, afinal são gordos porque são fracos, não manifestam força de vontade alguma, devem ser castigados pela sociedade por suas fraquezas, são merecedores de toda ironia e chacotas devido à sua condição. Essa é a visão de nossa sociedade em relação aos obesos. Não se faz piadas sobre negros, sobre homoafetivos, sobre drogados, idosos, qualquer minoria é protegida, com exceção dos gordinhos que são legais e devem encarar isso numa boa.

A obesidade gera estigmas, normalmente está associada a preconceito, insatisfação pessoal com a autoimagem e sentimento de inadequação social, fatores que dificultam seu controle. Na medida em que absorvem essa visão social da obesidade, as pessoas obesas se anulam socialmente, desistindo da procura por assistência profissional e acabam por “aceitar a obesidade”. Vários são os agentes sociais responsáveis por este processo de estigmatização do obeso, fatores como cultura, família, escola, convívio social e espaços de saúde estão envolvidos neste processo de vitimização e preconceito em relação a pessoa obesa, outorgando-lhes consequências psicológicas desastrosas como baixa autoestima, depressão, ansiedade, isolamento, culpa, entre outros. Assim, observa-se que a obesidade envolve não apenas fatores referentes à alteração de composição corporal, mas também traz significativas consequências psicossociais.

Desde os primeiros passos da infância, já é notado um reconhecimento e assimilação dos valores sociais que marcam diferenças socioculturais entre os indivíduos, em nuances de gênero, cor, raça, posição socioeconômica e aspectos estéticos. Os obesos deparam-se com o preconceito e a discriminação desde a infância, eles são alvos comuns da estigmatização social o que interferem nos relacionamentos sociais e afetivos. Tal visão do obeso gera impactos como: angústia, culpa, depressão, baixa autoestima, vergonha, ansiedade, isolamento e fracasso.

Os obesos enfrentam todos os dias preconceitos e discriminações e deparam com comentários de conotações negativas e pouco honrosos, tanto no círculo familiar como fora dele, partindo-se de um entendimento comum de que o obeso é responsável por sua condição, além de falta de vontade e autocontrole. Por isso a população deveria encarar a obesidade como uma doença e problema de saúde pública e não uma questão de “falta de vergonha na cara”.

Diante de tantas situações constrangedoras que pessoas obesas passam, emerge a importância do esclarecimento da sociedade de que a obesidade é uma doença crônica e não falta de vergonha, desleixo com o corpo ou que é só parar de comer que emagrece. É um problema sério de saúde onde pode acarretar vários outros problemas como hipertensão e diabetes, e com o preconceito o estado psicossocial se altera gerando novos problemas como depressão e ansiedade.

A pergunta que não se cala é como ficamos diante daqueles que historicamente e socialmente vêm sendo estigmatizados pelo preconceito? Em termos mais diretos, imersos no atual sistema capitalista, cujo produto mais comercializado; direta ou indiretamente, é o corpo, devendo o indivíduo ser branco e “perfeito”, qual nossa perspectiva sobre o negro, o analfabeto, o pobre, o obeso?

Pode concluir-se então que a obesidade tem suas consequências consolidadas em essências sociais. Programas de humor que fazem piadas sobre gordos, entrevistadores de empregos que não contatam pessoas acima do peso, olhares maldosos para mulheres gordas usando biquínis: esses fatos demonstram que a gordofobia está presente em muitas ações do cotidiano. Trazendo uma visão negativa em relação às pessoas com distúrbio de peso corpóreo, esse preconceito mascarado e, muitas vezes, negado, serve apenas para reafirmar a falsa noção de que pessoas magras são mais felizes e mais saudáveis. Desse modo, todos esses padrões acarretam problemas psicológicos, como a bulimia e também, problemas propiciados pelo grupo de convívio, como o bullying, o que demonstra a necessidade emergencial de se desconstruir esse conjunto de estereótipos.

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